DVARIM:  29:9 - 30:20

Resumo:

    Nitzavim inicia-se com Moshê reunindo todos os membros do povo judeu pela última vez em sua vida, para iniciá-los na eterna aliança com D'us.

    Moshê os adverte a não serem tentados pelos atos maus dos idólatras que vivem ao redor deles, e a evitarem racionalizar a conduta imprópria dizendo que D'us os perdoará, pois manter tal crença é a suprema fonte de nossa destruição e exílio. Embora irá cometer pecados, o povo judeu ao final se arrependerá e retornará para a Torá, e D'us introduzirá a Era Messiânica, quando todos retornaremos à terra de Israel e as muitas bênçãos maravilhosas da Torá serão cumpridas. Moshê diz ao povo para não temer serem incapazes de corresponder às expectativas da Torá, assegurando-lhes que as mitsvot não são distantes ou inacessíveis; uma vida de Torá está ao alcance de qualquer pessoa.

    A porção termina com uma exortação para escolher a Torá e vida, acima da sinistra alternativa do mal e morte.

Mensagem:

Responsabilidade da Alma
   
por Rabi Lee Jay Lowenstein

    Com precisão profética, a Parashat Nitzavim continua a detalhar as provações que se abaterão sobre a nação judia no decorrer de sua história. A devastação do país, o preocupante número de infortúnios, e a ira do Todo Poderoso deixarão as nações do mundo assombradas; que mal o povo judeu pode ter praticado para merecer destino tão trágico (Devarim 29:23). Mesmo assim, miraculosamente, o povo judeu sobreviverá. Oprimida pelo sofrimento, a nação judaica examinará seu passado e verá como tem sido beneficiada com uma enorme quantidade de benesses Divinas. Esta reflexão será o início de um retorno total aos valores da Torá, e ao fortalecimento do vínculo existente entre o povo judeu e D'us.

    Segundo Ramban, a Torá garante explicitamente a capacidade de nos rejuvenescermos através de sincero arrependimento na porção desta semana. A Torá nos ensina: "Pois este mandamento do qual os encarrego hoje – não está oculto de vocês e não está distante. Não é nos céus que deveriam perguntar quem subirá e o procurará por vocês… Ao contrário, está na verdade muito perto de vocês – em sua boca e em seu coração – cumpri-lo" (ibid. 30:11-14). Teshuvá é de fato uma responsabilidade muito humana, que requer participação tanto do coração quanto da boca.

    Embora o entendimento de Ramban sobre os versículos referindo-se à teshuvá adapte-se bem dentro da linha de história da leitura da Torá, é extremamente difícil compreendê-lo à luz de uma regra fascinante emitida pelo Talmud.

    O Talmud (Tratado Baba Metzia 59b) relata o episódio de uma grande disputa entre Rabi Eliezer e os Sábios de Israel a respeito da capacidade de um recipiente em especial de tornar-se tamê. A própria Torá apresenta o princípio fundamental que em caso de disputa devemos regulamentar de acordo com a maioria.

    Rabi Eliezer foi enormemente derrotado, mas recusou-se a ceder terreno. Tão convencido estava de que a lei seguia sua opinião que começou a solicitar meios sobrenaturais para consolidar seu ponto de vista, e declarou: "Se a lei é como eu, que o rio corra para cima!"

    Com certeza, o rio mudou seu curso e a água subiu corrente acima. O restante dos sábios rejeitou friamente sua exposição, dizendo: "Não se pode citar evidência legal baseado em riachos!" Rabi Eliezer continuou a trazer provas sobrenaturais, todas rejeitadas pelos sábios da mesma maneira. Finalmente, em desespero de causa, Rabi Eliezer disse: "Se a lei é como eu, que uma voz venha dos céus para confirmar isso!"

    Como para aproveitar a deixa, uma voz celestial foi ouvida, dizendo: "Por que discutem com Rabi Eliezer? Com certeza ele está certo!" Nesta altura, Rabi Yehoshua (a força liderante por trás da discordância) levantou-se e proclamou: "A Torá não está mais nos céus (referindo-se aos versículos acima citados); foi confiada aos sábios de Israel e nós, a maioria, decretamos que a halachá está de acordo conosco."

    Os rabis do Talmud entenderam que os versículos em nossa porção da Torá têm grandes ramificações haláchicas: a Torá está agora sob propriedade exclusiva dos sábios de Israel e sua sabedoria coletiva. Como podemos justificar esta posição à luz da leitura de Ramban que é, de fato, a mais simples tradução dos versículos? O que tem a ver o fato de que a Torá seja propriedade do povo judeu, como cita o Talmud, com nossa capacidade de arrependimento, como Ramban os interpreta?

    Como podemos explicar o dito talmúdico que a Torá não está mais nos céus? Como é possível que argumentemos com a palavra do próprio Todo Poderoso e sejamos corretos em nossa aplicação da halachá?

    Pode existir apenas uma solução: O povo judeu não é composto de simples servos de D'us; somos parceiros com total responsabilidade de preservar e determinar as aplicações dos eternos princípios da Torá. Como ocorre com qualquer sociedade, deve haver um denominador comum a nos conectar, formando a base do relacionamento. Neste exemplo, é a qualidade única da alma judaica. A alma de um judeu é mencionada nas fontes cabalísticas como tendo uma centelha do Divino. Existe dentro de nós um fragmento de eternidade. É este fogo sagrado que dá poder ao judeu, inspira seu desejo de controlar seu ambiente e o impele em direção ao maior sucesso que a vida pode oferecer. Esta mesma alma nos possibilita "imitar" as qualidades Divinas de D'us e nos torna depositários apropriados da Torá.

CHAZIT HANOAR

Chazit Hanoar

Porto Alegre

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