DVARIM: 29:9 - 30:20
Resumo:
Mensagem:
Responsabilidade da Alma
por Rabi Lee Jay
Lowenstein
Com precisão profética, a Parashat Nitzavim continua a
detalhar as provações que se abaterão sobre a nação judia no decorrer de sua
história. A devastação do país, o preocupante número de infortúnios, e a ira do
Todo Poderoso deixarão as nações do mundo assombradas; que mal o povo judeu pode
ter praticado para merecer destino tão trágico (Devarim 29:23). Mesmo assim,
miraculosamente, o povo judeu sobreviverá. Oprimida pelo sofrimento, a nação
judaica examinará seu passado e verá como tem sido beneficiada com uma enorme
quantidade de benesses Divinas. Esta reflexão será o início de um retorno total
aos valores da Torá, e ao fortalecimento do vínculo existente entre o povo judeu
e D'us.
Segundo Ramban, a Torá garante explicitamente a capacidade de
nos rejuvenescermos através de sincero arrependimento na porção desta semana. A
Torá nos ensina: "Pois este mandamento do qual os encarrego hoje – não está
oculto de vocês e não está distante. Não é nos céus que deveriam perguntar quem
subirá e o procurará por vocês… Ao contrário, está na verdade muito perto de
vocês – em sua boca e em seu coração – cumpri-lo" (ibid. 30:11-14). Teshuvá é de
fato uma responsabilidade muito humana, que requer participação tanto do coração
quanto da boca.
Embora o entendimento de Ramban sobre os versículos
referindo-se à teshuvá adapte-se bem dentro da linha de história da leitura da
Torá, é extremamente difícil compreendê-lo à luz de uma regra fascinante emitida
pelo Talmud.
O Talmud (Tratado Baba Metzia 59b) relata o episódio de uma grande disputa entre Rabi Eliezer e os Sábios de Israel a respeito da capacidade de um recipiente em especial de tornar-se tamê. A própria Torá apresenta o princípio fundamental que em caso de disputa devemos regulamentar de acordo com a maioria.
Rabi Eliezer foi enormemente derrotado, mas recusou-se a ceder terreno. Tão convencido estava de que a lei seguia sua opinião que começou a solicitar meios sobrenaturais para consolidar seu ponto de vista, e declarou: "Se a lei é como eu, que o rio corra para cima!"
Com certeza, o rio mudou seu curso e a água subiu corrente acima. O restante dos sábios rejeitou friamente sua exposição, dizendo: "Não se pode citar evidência legal baseado em riachos!" Rabi Eliezer continuou a trazer provas sobrenaturais, todas rejeitadas pelos sábios da mesma maneira. Finalmente, em desespero de causa, Rabi Eliezer disse: "Se a lei é como eu, que uma voz venha dos céus para confirmar isso!"
Como para aproveitar a deixa, uma voz celestial foi ouvida, dizendo: "Por que discutem com Rabi Eliezer? Com certeza ele está certo!" Nesta altura, Rabi Yehoshua (a força liderante por trás da discordância) levantou-se e proclamou: "A Torá não está mais nos céus (referindo-se aos versículos acima citados); foi confiada aos sábios de Israel e nós, a maioria, decretamos que a halachá está de acordo conosco."
Os rabis do Talmud entenderam que os versículos em nossa porção da Torá têm grandes ramificações haláchicas: a Torá está agora sob propriedade exclusiva dos sábios de Israel e sua sabedoria coletiva. Como podemos justificar esta posição à luz da leitura de Ramban que é, de fato, a mais simples tradução dos versículos? O que tem a ver o fato de que a Torá seja propriedade do povo judeu, como cita o Talmud, com nossa capacidade de arrependimento, como Ramban os interpreta?