TSAV:  6:1:36

Resumo:   

   A Parashá Tsav (Vayicrá 6:1:36) começa com D'us continuando a ensinar Moshê muitas das várias leis relativas ao serviço no Mishcan, Santuário. Entretanto, enquanto a Porção da semana passada descreveu os corbanot, sacrifícios, da perspectiva do doador, nesta semana a Torá concentra-se mais diretamente nos Cohanim, fornecendo mais detalhes sobre seu serviço.

    Após descrever primeiro a manutenção do fogo que ardia sobre o altar, a Torá discute em detalhes os vários tipos de corbanot que Aharon, seus filhos e as gerações seguintes de Cohanim estariam oferecendo. As oferendas deveriam ser trazidas com as intenções apropriadas, e comidas em um estado de pureza espiritual.

    Finalmente, Moshê realiza os prolongados melu'im, serviço de consagração do Mishcan , e Moshê unge e introduz Aharon e seus filhos para o serviço deles no Mishcan, em frente de toda a congregação de Israel.

Mensagem:  

    Corpo e Alma
Por Rabi Shimon Wiggins

   
Se a Porção desta semana da Torá fosse acompanhada de efeitos sonoros, um alarme crescente seria ouvido, motivando-nos a entrar em ação, pois começa com D'us dizendo a Moshê para ordenar Aharon e seus filhos sobre o corban olá. A linguagem do versículo que instrui Moshê a fazê-lo é singular. Geralmente D'us diz a Moshê: "Fale aos Filhos de Israel" ou "Diga-lhes".
Entretanto, aqui a Torá utiliza o termo "tsav – ordene [a Aharon e seus filhos]".

    Tsav indica a urgência e importância do assunto sobre o corban olá.

    Rashi cita o Midrash, enfatizando que a palavra hebraica "tsav" denota urgência na ação no presente e no futuro. Por que razão a mitsvá requer linguagem tão forte para assegurar seu cumprimento pelas futuras gerações, enquanto tal ênfase não é utilizada para a maioria das mitsvot da Torá?

    A chave para resolver este mistério está na declaração seguinte de Rashi – a Torá usa a palavra "tsav" quando uma perda monetária está envolvida no cumprimento da mitsvá. Em nosso caso, é uma obrigação financeira para a nação judaica oferecer o corban duas vezes ao dia. Portanto, a Torá usa a palavra "tsav" para cobrar-nos fortemente o cumprimento desta mitsvá, apesar da perda monetária. Mas será o prejuízo financeiro realmente tão grande? Afinal, toda a nação judaica compartilha da obrigação de trazer as oferendas diárias. Não existem outras mitsvot que resultem em uma perda financeira ainda maior?

    Rabi Shimon Schwab oferece uma análise esclarecedora do relacionamento da nação judaica com os corbanot. Há dois aspectos relativos aos sacrifícios: o primeiro é o animal físico que está sendo oferecido a D'us, enquanto que o segundo aspecto é a intenção da pessoa que traz o corban.
Estes dois aspectos não possuem valor igual. Aos olhos de D'us, o aspecto fundamental de um sacrifício é a intenção, o motivo, e a atitude da pessoa que o oferece; o componente físico é de importância secundária. Através da história, tem sido um desafio para o homem combinar adequadamente estes dois aspectos.

    Preocupar-se abertamente com o aspecto físico da oferenda é demonstrar incompreensão total. Segundo Sforno, foi por isso que a oferenda de Caim foi rejeitada por D'us (Bereshit 4:3-7). Caim pensou que D'us estivesse interessado apenas no presente físico. Como sua intenção não era aproximar-se de D'us, sua oferenda foi rejeitada.

    Superestimar o aspecto físico dos Corbanot foi o erro da nação judaica durante o período do Primeiro Templo. Numerosos versículos nos Profetas reprovam a nação judaica por simplesmente trazer animais, sem nenhuma intenção sincera de aproximar-se do Divino.

    Entretanto, mais tarde durante o período do Segundo Templo, ocorreu exatamente o oposto. A nação judaica ignorou por completo o aspecto físico dos Corbanot. Argumentaram que se o aspecto essencial de um sacrifício é crescer espiritualmente, por que então incomodar-se com o aspecto físico. É realmente importante se o animal não vem da melhor parte do rebanho?

    Uma vez mais, a nação judaica é reprovada pelos Profetas. De fato, a intenção da pessoa é fator essencial quando traz um sacrifício. Mas não se pode esquecer do aspecto físico. Como seres humanos compostos de corpo e alma, devemos servir a D'us tanto no nível físico como no espiritual. Assim como não podemos ignorar a matéria que compõe o nosso ser, também não podemos ignorar o aspecto físico de servir a D'us.

    Agora podemos entender a preocupação da Torá quanto a haver uma perda monetária a respeito dos Corbanot, especialmente no que tange ao corban olá. Como um corban olá é completamente queimado sobre o altar, e sabendo-se que D'us está essencialmente preocupado com a intenção da pessoa, poder-se-ia facilmente deduzir que o aspecto físico não importa, precipitando um desejo de limitar o custo financeiro. Portanto, a Torá enfatiza a palavra "tsav – ordem" a qual denota urgência agora e para as futuras gerações. A Torá está nos dizendo que mesmo quando percebemos a importância da intenção sincera de servir a D'us, devemos também nos sensibilizar quanto ao aspecto físico.

    Enfrentamos um exemplo prático deste desafio todos os dias durante a prece. Se tenho a intenção adequada de aceitar a soberania de D'us, que importância tem se pronuncio corretamente as palavras da prece? D'us não sabe o que estou pensando? A resposta é um SIM ressonante. Mas há um imperativo igualmente ressonante em servir D'us com nosso ser físico também, dessa maneira usando a totalidade de nossa existência a serviço de D'ele.

 

CHAZIT HANOAR

Chazit Hanoar

Porto Alegre

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