VAYICRÁ: 1:1 - 5:26
Resumo:
Este Shabat assinala o início da leitura do terceiro livro da Torá, Sêfer Vayicrá, que trata principalmente dos serviços e responsabilidades dos Cohanim. Esta (e a próxima) Porção Semanal concentram-se em muitas das oferendas a serem levadas ao recém-construído Mishcan, Tabernáculo.
A Parashá Vayicrá (Vayicrá 1:1-5:26) começa com D'us chamando Moshê para o Mishcan, onde ele receberá as muitas mitsvot relevantes a serem definitivamente passadas ao povo judeu. A primeira metade da Porção da Torá descreve os vários corbanot, sacrifícios, opcionais trazidos por indivíduos.
Podem ser classificados em três categorias gerais, cada qual dividida em várias graduações de tamanho e custo: o corban olá (oferenda de elevação) que é completamente consumido sobre o altar; o corban minchá (oferenda de refeição) a qual, por causa de seu conteúdo, é geralmente trazido por pessoas de poucos meios; e o corban shelamim (oferenda de paz) parcialmente queimado sobre o altar, com o restante dividido entre os donos e os Cohanim.
A segunda metade da porção discute as oferendas requeridas de chatat (pecado) e ashan (culpa), a serem levadas como expiação por transgressões involuntárias.
Mensagem:
De todos os sacrifícios introduzidos na Porção desta semana da Torá, o único que não requer o sacrifício de um animal é o corban minchá, uma oferenda de farinha misturada com óleo e incenso trazido como uma alternativa de menor custo que as demais, entre as quais as oferendas de novilho ou ave. Mesmo assim, quando a Torá descreve as pessoas que levam cada uma das várias oferendas ao Templo, a única que é destacada e identificada como sendo uma "nefesh - alma" é a pessoa que traz o simples corban minchá.
O Talmud (Tratado Menachot 104b) desenvolve: "Por que o corban minchá recebe destaque e seu portador é chamado de nefesh, alma? D'us declara: 'Quem geralmente oferece corban minchá? O pobre. Considero seu ato como se ele sacrificasse sua alma por inteiro.' "
Pode-se deduzir que para alguém que está empobrecido, o ato de separar-se de boa farinha, que de outra forma poderia alimentá-lo e aplacar sua fome, é um ato de sacrifício ainda maior que aquele do homem rico doando um animal de alto preço. Para o pobre, a farinha é mais que uma grande parte de suas posses: é sua própria vida. A Torá está nos ensinando que não é o tamanho do presente que determina a importância do sacrifício; pelo contrário, a importância está nas intenções do doador e nas circunstâncias.
Quando Yaacov despachou seus filhos para encontrar o misterioso governante do Egito, enviou com eles um presente. Este tributo era de fato pequeno - "um pouco de bálsamo, cera, lótus, pistache e amêndoas" - mas a importância não estava no tamanho. Estes itens haviam sido cuidadosamente considerados e especialmente selecionados. Eram iguarias não disponíveis no Egito àquela época. Sua mensagem era de cuidadoso esmero e consciencioso interesse. E de forma bem apropriada, Yossef chamou o presente de "um minchá".
De todas as nossas preces diárias, a mais curta é Minchá, o serviço vespertino. Não contém o longo segmento de introdução nem o de encerramento do serviço matinal de Shacharit, nem as preces Shemá e Barchú do serviço noturno de Maariv.
Basicamente, é composto pelo Shemonê Esrê, mesmo assim o serviço vespertino é o único que chamamos de "Minchá". Por quê? Porque, por mais "pobre" como esse serviço possa parecer, é o único que ocorre em meio a nosso dia de trabalho; é o único que nos pede para deixarmos de lado aquilo que estamos fazendo e nos lembremos de que somos apenas súditos de nosso Mestre Todo Poderoso.
Minchá é o único serviço de prece que nos pede para desligar de nossa inclinação mundana e nos retirar para um súbito e total encontro com o Divino. Pode levar apenas quinze minutos, mas é um Minchá. Lembra-nos da motivação necessária para doações de todos os tipos, e que não é o tamanho que importa; o significado e as intenções são igualmente importantes.